domingo, 23 de novembro de 2008

Tempos Futuros - Parte 2 (final)

Parte 1
Para entender esta parte final é preciso ler a parte 1 (Por favor, tenham paciência, ouçam Pink Floyd, acendam um incenso e aproveitem a viagem)




Ao som de Future Times - Yes ou de Echoes - Pink Floyd


Sr.F pela primeira tenta raciocinar, não vai gastar seu tempo na procura de pequenas respostas vai a caça da razão de tudo, esperando que haja uma única resposta para isso. Sr.F anda lentamente pela cidade, entra no que antes parece ter sido uma avenida. Está deserta, não há ninguém na avenida até onde a vista de Sr.F alcança e ele ainda anda. Do chão da rua brotam pequenos gêiseres com gases da cor da nevoa.

Aos poucos Sr.F percebe que não está tão só, é possível ver pessoas o observando pelas frestas das janelas que estão parcialmente fechadas, a principio Sr.F tenta não reparar a estas pessoas até que a sua esquerda algo lhe chama mais a atenção: Dentro de uma casa simples e quase arruinada, com janelas de madeira, Sr.F vê um par de olhos verdes o seguindo. Sem saber onde estava Sr.F decide tentar alguma informação com aquela pessoa.

A porta range como em um filme de terror, o chão também de madeira parece que vai ceder a cada passo lento de Sr.F. Ele ouve uma pessoa se aproximar, pára. A pessoa também parece ter parado, ninguém reage, é possível se ouvir o silêncio.

Sr.F ouve um ruído vindo de sua esquerda onde somente há um espelho. A imagem que estava embaçada vai se clareando, Sr.F percebe que a figura refletida lhe é conhecida, muito conhecida alias. Ele vê sua imagem no espelho, mas não é apenas a sua reprodução, há algo diferente, no espelho Sr.F está envelhecido, pálido, de aspecto sorumbático. È uma visão de um futuro sombrio, nublado; Sr.F quer acreditar que aquele reflexo ali não é o seu. Chega mais perto, força a vista, agora a imagem mudou talvez aquele reflexo realmente não o represente.

Não há apenas uma figura agora, vários pontos negros se multiplicam no espelho. Eles se juntam se misturam e formam outros pontos maiores, isso se repete algumas vezes até que Sr.F percebe que não são figuras aleatórias, rapidamente ele as reconhece, são seus parentes, são seus amigos mas uma coisa lhe incomoda...

Eles não têm rosto, há uma mancha negra sobre suas cabeças, somente um vulto...E Sr.F começa a entrar em desespero porque começa a esquecer como era a face destas conhecidas pessoas, era como se ele estivesse esquecendo-as. Os pontos se juntam e o espelho fica negro, quebra lançando estilhaços em Sr.F, mas não o machucam caem no chão e se desmancham.

Sr.F nem tem tempo para pensar nisso pois ouve um ruído, parece vir do quarto a sua direita, ele vira rápido e vê alguém lá entrando. Andando com receio ele adentra o quarto, uma mulher está no centro dele, como que o aguardando, está escuro mas uma luz vindo do chão a ilumina, cabelos ruivos, olhos verdes hipnotizantes, os dois ficam parados lá por alguns segundos até Sr.F dizer:

Sr.F – Porque me trouxe até aqui?

Mulher – Foi você quem veio, eu não te trouxe, ninguém te trouxe.

Sr.F – Onde estão todos, onde eu estou?

Mulher – No lugar que você quis estar, com quem você quer estar.

Sr.F – Porque eu ia querer estar aqui? E não te conheço ao menos para querer estar contigo.

Mulher – Não responda pela imagem que você vê, sim pelo o que ela representa

Sr.F tenta então se aproximar da mulher que recua e estende o braço esquerdo, Sr.F retribui, as mãos deles se tocam, Sr.F é surpreendido por uma espécie de choque, algo que o joga para traz e muito forte, parece que ele vai bater na parede, se abre algo na parede, como se fosse um buraco negro mas de lá vem brilho, intensidade e mistério.

Sr.F fecha os olhos...Tem medo de abri-los, pensa, respira, sente....Começa a tatear com a mão o que está a seu redor, reconhece, abre os olhos. Está em seu quarto novamente, parece que nada mudou desde aquele momento em que Sr.F foi dormir depois de um estafante dia de serviço a não ser o fato de que já se passaram sete horas e Sr.F já tem que se aprontar para ir trabalhar.

Sr.F parece um paciente recém anestesiado, confuso ele anda pelas ruas observando cada detalhe, olhando para todas as pessoas que consegue. Chega ao local de trabalho, a mecânica da rotina o faz esquecer um pouco tudo o que aconteceu e Sr.F tenta se convencer que tudo não passou de um sonho.

Um colega o chama:

Colega – Que barulho é esse hein?

Sr.F - Qual barulho?

Colega – Venha aqui

Sr.F se dirige até a sala onde está seu colega que aponta para cima

Colega - Está ouvindo?

E Sr.F se concentra, e ouve:

- “tinc...Ping....Bling...tinc