quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Tempos Futuros - Parte 1

Ao som de Future Times - Yes ou Echoes - Pink Floyd


Conversa entre Sr.F e um colega seu de trabalho:

Colega – Nossa! Estou acabado... Não vejo a hora de chegar em casa.

Sr.F – Eu tenho um monte de coisas para fazer ainda.

Colega (Se aproximando de Sr.F como se estivesse indo lhe contar algum segredo intimo ) – Sabe Sr.F, vou te contar uma coisa, sei que vai parecer uma grande viagem minha, uma bobeira talvez, mas...Já imaginou o que aconteceria se você descobrisse que tudo e todos o que você conhece, tudo o que você já viu e tocou são mentiras? Nunca existiram.

Sr.F – Como assim?

Colega – As imagens. O mundo. Será tudo real? Ou a nossa imaginação é quem faz tudo isso? Quer dizer, será que se quiséssemos, poderíamos fazer com que essa imagem fosse melhor para nós e até para todos?

Sr.F – Sei o que quer dizer, é aquela história de que a imagem é a produção do real * não é?

Colega – Sim, sim!

Sr.F – Eu te entendo colega mas para mim o real é o que de fato eu vejo, e não é, nem pode ser o que eu gostaria de ver.

Colega – Mas isto mudaria se nós tivéssemos a capacidade de produzir imagem, certo?

Sr.F – Certo, mas creio que isto seja impossível (Sr.F dá um sorriso preocupando-se em não se mostrar arrogante)

Sr.F está estafado, sem tirar férias há quatro anos, vivendo uma época de incertezas e pressão no seu trabalho, sua cabeça parece estar prestes a explodir.

È sexta-feira, já passa das 20h15min, Sr.F volta para casa de metrô. Está lotado, mal conseguindo respirar ele começa a passar mal. Suas mãos e seu pescoço suam, a perna está cansada, ele não consegue ficar muito tempo em uma posição, seus olhos ardem, a boca está seca, a cabeça dói e milhares de vozes ao seu redor parecem o estar perseguindo, seguem-no dizendo seu nome e lhe pedindo ajuda. Sr.F se sente cercado, acuado, sai do vagão antes mesmo do seu destino, quer se livrar logo de tal agonia.

Já é noite e a visão de Sr.F embaraça com as luzes ne néon, seus passos soam em seus ouvidos como se fossem madeiras batendo na parede e o eco os faz sentir como se lês sangrassem por dentro, seu corpo pesa, sua mente enfraquece. Sem saber ao certo como, Sr.F chega em casa; atordoado e exausto ele busca se alimentar.

Alivio imediato, Sr.F não consegue ficar muito tempo em pé, vai para a cama afim de tentar descansar mas não consegue fechar os olhos, algo lhe incomoda, são sons que ele não consegue identificar de onde vem e não tem forças para procurar.

Não são mais as vozes que lhe incomodavam antes, parecem gotas d’agua pingando em um cano de ferro, aumentam e diminuem de intensidade sem alguma razão aparente.

- “tinc...Ping....Bling...tinc

- Hey, acorde

- Acorde !! Você não tem muito tempo.

Sr.F – Tempo? Tempo para o que?

- hahahaha...Olhe para a janela seu preguiçoso.

Sr.F se levanta e se dirige a janela.

Sr.F - Meu Deus, o que aconteceu? Onde eu estou?

- Esta no mesmo lugar que estava quando adormeceste.

Sr.F olha ao seu redor e começa reconhecer pequenos detalhes como um abajur com a cúpula verde, um pôster da banda de rock Yes, uma carranca, uma caneca com chaveiros e palhetas de violão e um porta retrato.

Sr.F- Este...Este é o meu quarto.

Sr.F pela primeira vez tenta olhar para a pessoa, para a voz com quem ele esta falando, procura por toda a sua casa mas não consegue acha-la, neste exercício vai reconhecendo alguns objetos enquanto estranha outros, pára algumas vezes para pegar algo.

- Se preocupas com pouco, ainda nem olhastes pela janela.

Sr.F (que agora se encontra na sala ) – Quem é você? Como entrou aqui? O que quer de mim?

De repente, com muita força, uma persiana se abaixa assustando Sr.F que estava de costas para a janela. Sr.F se vira e lentamente vai em direção a janela, há muito vento e silêncio vindo da rua. Primeiramente olhando reto Sr.F se espanta, quase em estado de choque ele vê uma cidade tomada por uma nevoa.

È uma nevoa que mistura as cores laranja e marrom. Alguns prédios estão parcialmente destruídos como se houvesse caído uma bomba neles, Sr.F olha para baixo e vê que há pouca iluminação, muitos postes (assim como árvores) estão no meio da rua, caídos como se tivessem sido vitimas de um furacão.

Sr.F – O que aconteceu aqui? O que você fez?

Confuso e atormentado Sr.F esquece a voz e desce as escadas correndo, vai para as ruas. No caminho encontra pessoas de seu prédio subindo as escadas, eles encaram Sr.F. longamente ele se desequilibra caindo no final da escadaria, machucando sua cabeça e seu ombro, sangra um pouco mas a dor ou o sangue é o que menos importa agora.

Sr.F está perplexo com o que vê, as ruas estão quase que vazias, muitas casas e lojas estão em ruínas ou em situação de abandono, não se ouve o som de automóveis, calçada e rua se tornaram uma coisa só, o cheiro de enxofre no ar é quase insuportável, a cidade cheira a dor, cheira a morte.

Sr.F sai correndo, vai a procura de seu amigo que mora a duas quadras de seu apartamento. Há um imenso portão coberto por trepadeiras no lugar onde antes era uma casa simples com jardim, muro baixo e bebedouros para pássaros. Ninguém atende...

Sr.F volta para seu apartamento e não encontra mais nenhum de seus antigos vizinhos, devem ter-se mudado pensa ele que pega o telefone e tenta ligar para alguém, somente enganos e números inexistentes...

Eles foram embora, alias, nunca existiram. Poupe seu tempo, não sofras com isso.

Sr.F – Eles quem? Todos? Isso não é possível, quer dizer,as pessoas que eu conheci; todas morreram? O que houve aqui? Uma bomba? Em que ano estou?

Você faz muitas perguntas, tente, ao menos, obter as respostas primeiro.

Sr.F – Onde está todo mundo? Me responda !! Fugiram, desapareceram, morreram?

- Ninguém morre sem antes ter nascido, existido.

Sr.F – O que? Isso é...Meu Deus, que loucura (Sr.F põe as mãos na cabeça, olha pela janela para baixo, se ajoelha e diz sussurrando a si mesmo – eu tenho que entender tudo isso, tenho)

Sr.F se levanta com lágrimas nos olhos, não tenta mais ouvir a voz que já se calou a algum tempo. Sr.F sai de casa, nem tenta curar seus ferimentos. Sem rumo ou destino vai à procura de algo que ele desconhece o que é.

*Frase de Descartes

** Continua.

29 comentários:

Anônimo disse...

Caramba, que historia fantastica....continua? Continua mesmo neh? Eu quero saber o final!!!!!!!
Genial...adorei!

faça uma visitinha também:
http://redescobrindosp.blogspot.com

Fernando Gomes disse...

a parte da projeção do real me lembrou tanto um episódio de LOST e aquele filme 'uma mente brilhante'...

tomara que a parte II seja tão legal quanto a primeira.

sacodefilo disse...

Ficou bem a cara de Total Recall, Matrix. Acho um tema já meio gasto, mas adoro esse tema.
Muito legal

Leonardo disse...

adorei a historia...
parabens pelo blog!

Gustavo Ganso disse...

Esse é o texto que me lembrou sonhos do Kurosawa, o episódio das explosões atômicas e as névoas radioativas coloridas, isso pois pensei que havia estourado uma bomba, mas pelo que você acrescentou se parece com algo muito pior...

até
Gustavo Ganso

DuDu Magalhães disse...

hehehee

cada dia melhor!

bom, o 'mistério viajado' foi super suk's

mas, achei que pecou na gramática...

abrasss

Sr.F disse...

Opa, valeu pelos comentárioa té aqui gente e desculpem pela gramática, pontuação não é meu forte mesmo...Aliás, se vcs perceberem algum erro podem falar para eu poder arrumar, não tem problena não.

Equipe TUZ disse...

Boa a Historia..
Vlw,

Anônimo disse...

Vixe, foi bem legal cara...

E com a continuação ainda, ai q ficou mais interessante, lembrei-me do Lost ao ler.

Parabéns pelo Blog!

Se puder da uma olhadinha no meu blog...

http://comideiaseideais.blogspot.com/

Artur disse...

mtuu boa cara...fo**stika
;D

continuem hein ;]

Marília Chaves. disse...

nossa,que massa!
vai ter continuação? *.*
otimo blog. ^^

Fernanda Fernandes Fontes disse...

Achei meio surreal, e isto é ótimo! Até senti uma sintonia com meus textos, com os questionamentos de meus personagens. Passa lá pra vc conhecer tb:
http://degustacaoliteraria.blogspot.com/

Abraços!

ROBINSON ROGÉRIO disse...

boa a história,nah me agrada mto mas mesmo assim mto boa,a única coisa que eu nah gostei foi dessa cor verde

continue......

Johnny disse...

surreal, ótimo. grande texto.. :]

BrunO disse...

Curti!
Vou voltar pra ver a continuação!

Passa no meu?

www.edaew.blogspot.com

Anônimo disse...

Gostei do seu texto. Assim como a Fernanda, achei o texto meio surreal, mesmo assim está bom. :)

Quando fizer a segunda parte, avise-me. :D

Expressão Coletiva disse...

voce escreve muito bem,
ja havia passado aqui outras vezes



abraços

Henrique Alvez disse...

UAU kara....q história!
gostei msm, mto legal..... esperando a continuação...
xDDDDDD

Douglas Lopes disse...

Pra ser sincero li o conteúdo por cima, apesar de bem escrito nao eh o tipo de conteúdo que gosto de ler, assim como o meu que agrada a uns e nao mto a outros, varia de pessoa pra pessoa neh? bom tinha que comentar alguma coisa, espero que nao se ofenda pois acredito ke vc tem muitos leitores ke curtem suas histórias.

abraços

Se for possível, me prestigie com sua visita também =]
http://recomendandosites.blogspot.com/



-----------------------------------------------------
Se você precisa de um discador super rápido, estável,que não caia toda hora e que além disso lhe dê muitos prêmios, então vc precisa conhecer o CresceNet

Mais detalhes em:

www.cresce.net/site/home.asp?id=253013
ou
www.douglaslopes.20.01.zip.net

Flaveetcho disse...

Que confusão. O Sr. F vai enlouqucer sem essas respostas, esepro que elas apareçam.
=]

Flaveetcho disse...

Aceito. :D

Victória D. disse...

" Victória D. disse...
Concordo com o comentário do Gustavo.
Ah, verdade...
Sr. F. para mim é um mistério. Começando do nome. Quem será Sr. F.? Um senhor? Um garoto? Seu nome começa com F, ou não? Um sonho ou uma realidade? E esses textos tão subjetivos e objetivos ao mesmo tempo? Será que ele é uma criação, ou ele existe? Ele sou eu? Você? Todos nós? (Vide seu perfil)
É isso. Haha.

Abraços.

6 de Junho de 2008 16:09"

Aí o comentário que deixei sobre o mistério que você criou em minha cabeça.

Victória D. disse...

Agora sobre teu texto.
"Ninguém morre sem antes ter nascido". É MARAVILHOSO. Acho que isso deveria gerar uma conversa filosófica, e acho que é isso que farei. É uma frase tão profunda que eu entendo sem entender. Isso é a chave para a vida. Perfeito, juro.
O texto é uma coisa meio filme, meio livro, meio verdade, meio loucura. Adorei.

Voltarei para ver a segunda parte.

Abraços.

Fernanda Fernandes Fontes disse...

Claro, parceria sim! Já comentei neste post...vou linkar seu blog ao meu já, já....

E obrigada pelos comentários!

Bjs!

lorena disse...

grande historia vlado, sr f voltando em grande estilo. e eu adoro historias com suspense, haha, fiquei curiosíssima pra saber o restante. aguardarei firme e forte, esperando q seu cerebro não resolva tirar ferias de novo. hehehe

abraço

=]

Anônimo disse...

parabéns pela forma de escrever, o tempo investido deu resultado!

Anônimo disse...

Fez-me lembrar Matrix e Constatine. Será que estou certo?

Agora vamos para o fim da história.
Abraços
Folhetim On Line

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Meu amigo... A única diferença entre o Sr. F e eu,é que ele só acredita no que vê.
Quanto a mim, só acredito mais no que sinto.
Espero ser capaz de despertar a tempo do meu transe para à realidade antes de tudo o que mais prezo,acabe e só me reste à saudade do tempo que se foi, e não voltará jamais...
Ciao,
Ale Bruns